quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Il sentiero della vita...

Ter, sobre tantos, e tanto tento ter, certeza, se é certo dizer, do que me espera ao fechar os olhos, e não mais voltar a ver. O sol e o céu. A sombra e o ser, somente. O sentir; a brisa da manhã, fria de outono, branca de inverno. O doce-quente sabor do café ao acordar. E ao acender o fogo da lareira da vida, e queimar o tempo, como lenha velha a incendiar, respirar feliz o dom de existir. Refletir sob a sombra de uma palmeira a beira do mar.

Se há uma alma ao pôr do sol, que encontre o seu lugar. Se o há. Se o tem.

Sabe-se, pois, que não se sabe ao certo o que te espera em teu seol. Mas teu céu agora é outro. E nele, ou é noite, ou é dia. Ou não há! Ou não é! E é tão facil partir teu carpe diem. Teu medo é tão normal, que embora seja assim, causal, te impede, e te impõe, de viver mais.

Sentí-la, tocá-la, esperá-la...


Seol

E minha fé onde é que está?
E minha sorte, onde é que foi?
A ver, ouvindo, não sei, não há,
Ou estar sorrindo e ver depois.

Após se opor, se atraem opostos,
E apostas opinam após se opor.
Quebrado caminho, sua frente, suas costas,
E aflora-te mente ao sol e seu pôr.

Definha em defeito e me aspira.
Me espera, e caminha, e demora.
Percebo e preparo sua ira.

Persigo e espero sua hora.

(Wesley Buleriano)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Regionalismo...

Nem só de regras se faz uma língua! Cada local, cada região tem seu dialeto, seu sotaque. Mantém-se o padrão formal para todos, porém, fala-se de formas diferentes.

Alguns não gostam de usar seus regionalismos. Alguns criticam. Porém, mantém-se a comunicação, não há porquê não usar.

O que eu acho disso?


Regionalismo

O baiano fala “oxente!”.
O mineiro fala “uai!”.
O gaúcho fala “tche!”.
O capixaba fala “iá!”.
A gramática fala interjeição,
E o poeta urbano prefere não falar.

Iá! Mas por que não uai!?
Oxente! Como é tolo o tal do poeta tche!


(Wesley Buleriano)

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Pactum et Prima Facie...

A primeira vista, nada faz sentido. Então voltamos, e olhamos denovo. Mas, e se mesmo assim continua sem sentido? A dubiedade causa curiosidade, atrai! O incerto é, para o homem, como um imã, que o atrai diretamente para a beira do abismo. Há casos que se cai. Há casos em que alguém te puxa dalí, e tudo se resolve. Resolve?

O abismo a sua frente é mesmo tão assustador, ao ponto de estagná-lo e te deixar em dúvida sobre o que te espera lá embaixo? Você pode se espatifar com a queda. Pode partir-se em dois. Pode transformar-se em pó, e ser levado pelo vento.

Porém, o medo de atravessar toda aquela escuridão, e chegar ao fundo onde talvez você encontre uma piscina natural, de águas transparentes, que te faça ver os peixes nadando. Que te faça relaxar e se sentir mais vivo do que antes. Esse medo, esse arrependimento que terá se voltar atrás e não pular, vai te roubar o sono. Te roubará a concentração, e com certeza fará você voltar a beira de tal abismo, e olhar para baixo, tentando descobrir o que te espera.

E se pudesse voar? Se pudesse descer em segurança, iria até o fim?

Infelizmente não podemos voar, mas podemos conseguir uma corda e descer em segurança. Criar soluções, enfrentar os nossos medos quando necessário, essas coisas nos diferem de um mero primata. Mantemos os instintos, entretanto, e entre tantos, somos capazes de fazer o que queremos, sem nos preocupar com um predador natural, a não ser nós mesmos. "O homem é o lobo do proprio homem."

"Faça o que tu queres, há de ser tudo da lei!" (Alester Crowley)


Simetria Secular

Saí sorrindo sonhando seu ser,
Sabendo somente sua sugestão.
Sendo sol sobre seu sorriso,
Sendo sentimento sem sentido,
Sendo saída sem solução.

Semblante seguinte, sua silhueta.
Sabedoria supérflua sobre si,
Semanas salientes sagradas,
Suadas, sem senso sorris.

Seu sonho será somente
Sua sombra, sem selo, sem sal.
Subindo sozinha sua serra.

Sugando sua simetria,
Sobrepondo sua sabedoria,

Sendo, simplesmente, só.


(Wesley Buleriano)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Talentos anônimos...(Volta Estranha)

Num dia desses fui a praia com uns amigos. Como de costume, sentamos a mesa do quiosque de sempre, e ficamos bebendo e batendo papo. Neste dia, por acaso, eu não quis beber cerveja, então fui pegar um refrigerante pra tomar.

Assim que cheguei no balcão do quiosque, pedi a garçonete um refrigerante. Tudo normal até então. Ela me atendeu, e em seguida foi até a areia atender uma mesa. De repente ela começou a cantar, pra aliviar a tensão ou espantar os males, como diz o ditado.

Mas eu não esperava por aquilo! Assim que ela começou a cantar, fui obrigado a parar e ficar alí, estagnado, ouvindo a musica que saía daquela voz minunciosamente afinada. Ela cantou em tons altos, sem desafinar, sem titubear. Era dona de uma voz linda, invejável! Se eu fosse um produtor musical, faria todo o possível para assinar um contrato com a jovem garçonete. Mas infelizmente eu não sou, e temo que ela nunca vá fazer do canto, da sua voz afinada, seu ganha pão.

Isso me fez sentir-se mal, e me fez imaginar quantos talentos perdidos estão por aí. Quantos grandes cantores, grandes atores, estão aí fora esperando uma chance que não vem. Quantos Van Goghs precisarão morrer loucos, no anonimato, na miséria, até que décadas depois alguém descubra os seus trabalhos, e veja o quão gênios eles eram? Quantos Drummonds ficarão anônimos em seus versos, que nunca serão lidos?

Quantos?


Ato Ando

Aí um dia resolvi virar poeta.
Já se passava da meia-noite,
Logo não era dia,
Logo eu menti.
Não queria mais ser poeta.

Queria é ser escritor.
Aí escrevi,
Li e não gostei.
Apaguei e não quis mais ser escritor.

Agora queria ser músico.
Então peguei um violão
E comecei a tocar.
Mas não saía nenhum acorde,
Então desisti.

Então pensei em ser ator,
E atuei muito bem até agora.


(Wesley Buleriano)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Diante do caos...

Em época de tragédias, como as chuvas que tanto tem castigado o país, espera-se uma atitude mais efetiva dos nosso "lideres". Aqueles senhores que nos procuram em época de eleições, com milhões de promessas que nunca saem dos projetos de campanha.

Fiquei supreso com a atitude do presidente norte-americano, Barack Obama, que, como primeira medida no combate a terrível crise financeira que assola o mundo, congelou o salário de todos os políticos do país. Claro que esta foi uma ação virtual, visto que não será isso que acabará com a crise. Porém, tal fato demonstrou tamanho comprometimento, que me fez pensar se isso seria possível no nosso amado Brasil.

Tão logo pensei, e cheguei ao veretido de que tal realidade, infelizmente, está bastante longe daqui.

Tamanhos são os escândalos de corrupção no Brasil, e, ainda, aumentos excessivos de salários, e dezenas de auxílios que a todos os anos são criados nas camaras de deputados, senadores, e vereadores país a fora, simplesmente para gerar mais renda aos "representantes do povo".

Provavelmente, e é bem certo que sim, o presidente que tentasse tomar uma atitude, como a de Obama, aqui, seria deposto do poder em poucos dias. Rapidamente surgiriam dossiês e provas, muito certamente forjadas, sobre a integridade do presidente. O que, automaticamente, daria início ao processo de impeachment.

Enquanto isso hão empresas madeireiras desmatando nossas florestas. Enquanto isso as ONG's internacionais de proteção da amazônia estão de olho nas nossas riquezas naturais. Enquanto isso a violência nos torna prisioneiros em nossas proprias casas. As grades estão em nossas janelas, e os bandidos estão na rua. Enquanto isso nossa educação é fraca, e há fome por todo o território nacional.

Enquanto isso...



O País do Futuro

O semblante da dor, o horror
Nos olhos noturnos sem cor
Na cor da noite, do povo sofrido
De medo, de mínimo amor.

E essa flor, tão fosca e caída
Que o sol, bruto, empobrece de vida
Que a ninguém transpassa confiança
Esperançosos chamam-na esperança.

Vê, e verás, no sumo da pele
De gente sofrida e cansada
E diz-me que isto não te fere.

Sonhadores, esperam melhora.
Com vida curta, ou velhice alcançada,

Até a morte, sua melhor hora.

(Wesley Buleriano)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Há casos do acaso...

A definição de "destino" é: fim pré-determinado que orienta as ações e os acontecimentos na vida dos homens.

Claro que, Aurélios a parte, cada um tem sua opinião sobre a real definição dessa palavra-ação que teima em interferir no livre arbítrio humano. E, e por que não dizer, hão aqueles que juram que ele, o destino, se quer exista. Estes o chamam de "acaso".

Mas, e aposto que sim, todos já se perguntaram ao menos uma vez na vida se, fortuitamente, determinado acontecimento realmente seria daquela forma se não houvesse acordado mais tarde, e, por esse motivo, atrasado-se para um compromisso. Devido ao atraso, pegou o ônibus, ou o metrô, em um horário diferente do habitual, e conheceu uma pessoa incrível.

Quantas vezes já se pegou perguntando "e se eu não tivesse feito isso?", "e se eu não fosse àquele lugar?", "e se, e se..."? Aposto que mais de uma vez, correto?

Seria isso o destino ou o acaso? Não me atrevo a respondê-lo, mas admito que, e nada mais que, destino ou acaso, sorte ou pré-determinação, acontece o tempo todo, e tempera nossas ações como um chefe que prepara seu prato premiado.

Doce ou amargo, quente ou frio, salgado ou apimentado, o destino, ou o acaso como queiram, tempera e rege as ações humanas. E faz da vida um prato cheio para quem tem fome.

Mangiare!


Árvore Genial Lógica

Era uma vez a ‘Vontade de Estar Junto’
e a ‘Vontade de Não Separar’.
Um dia, num desses encontros casuais,
se encontraram.
A ‘Vontade de Estar Junto’
sentiu vontade de não separar,
e a ‘Vontade de Não Separar’
sentiu vontade de estar junto.
Assim nasceu o ‘Amor’.

Era uma vez a ‘Vontade de Estar Separado’
e a ‘Vontade de Não Estar Junto’.
Num desses encontros casuais,
um dia se encontraram.
Se apaixonaram.
Assim nasceu o ‘Ódio’.

Então um dia,
num desses encontros casuais,
o ‘Ódio’ se encontrou com o ‘Amor’.
Assim nasceu a ‘Amizade’,
nasceu a ‘Vingança’,
nasceu a ‘Culpa’ e a ‘Dor’,
nasceram as gêmeas ‘Ilusão’ e ‘Mentira’,
nasceu o ‘Respeito’ e a ‘Justiça’,
nasceu a ‘Compaixão’,
e tantos outros sentimentozinhos
que habitam esse vilarejo chamado
“Homem”.


(Wesley Buleriano)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Díspares em sua jactância...

De certo são, pois, a soberba, a ostentação, grandes, e perigosos, defeitos humanos.
Causadores de dor, e combustível para outros males, são esses problemas comuns.
Todos já sentiram-se assim algum dia, e voltarão a sentí-lo novamente. A imperfeição humana nos impede de fazê-lo diferente.

Mas e, imagine você, se estas deformidades típicas do homem "infectassem" os outros componentes da criação divína (?). Desde os pequenos insetos, até os grandes astros galáticos. Desde de uma gota de orvalho, até a mais brusca e avassaladora tempestade.

Imagine você como seria se um porco cansado de comer os restos, de repente ostentasse a grama dos pastos bovinos. Se de uma hora para a outra as galinhas decidirem não mais comer milho, e tornassem carnívoras. Loucura, não?

Não importa o tamanho do seu defeito, ou sua qualidade.

Se tem uma imperfeição, trabalhe-a, a fim de minimizá-la até onde for possível.
Se acha que não é tão bom quanto uma pessoa ou outra, saiba valorizar suas qualidades, por mais modestas que elas sejam. Inspire-se em alguém, mas não a inveje.
Por mais modestos que sejam seus atributos, seus predicados, tente melhorá-los por suas proprias pernas. Abraçar o mundo com uma única mão é impossível.

As regras são as mesmas, para todos e tudo.


Em Uma Galáxia Distante

Um dia o Sol não queria brilhar.
Brilhante Sol, disse a Lua.
Ainda em alarde a lua pensou:
Se o Sol não brilha
O dia é só meu
E a noite é só minha.
Brilhante Sol a Lua dizia.

E a noite cedinho chegou,
E a lua!?
Meu Deus!, o povo gritou:
O Sol já não brilha e a Lua apagou.

Pobre Lua,
Não foi para a aula de física
E nunca mais trabalhou.


(Wesley Buleriano)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Mesoísmo...

A têndencia ao meio, ao equilíbrio, ou o que gosto de chamar de "ying-yanguismo" (em referência ao Ying-Yang, tradicional filosofia chinesa) é o que prezo em minhas poesias. É, em outras palavras, minha característica principal, meu estilo.

O conflito entre os opostos; o bem e o mal, o amor e o ódio, a benção e a maldiçao, a satisfação e a frustração, o certo e o errado (mas, o que é certo ou errado, hein?).
O clássico e o contemporâneo, o bom gosto e o "non-sense", o coloquialismo e o formalismo, enfim, a união de extremos, a fim de chegar ao equilíbrio poético.
É isso que busco na grande maioria dos meus textos. E por que não dizer na vida?

Encontrar uma identidade poética, um estilo proprio, é, por si só, uma arte. E é exatamente isso que busco. Fazer arte com estilo é uma arte!

Hoje, um poeminha que dá nome ao "meu" estilo.
Qualquer intertextualidade ou trocadilho é meramente intencional.

Mesoísmo

Ver, sutil, versátil,
Verbais ou menos
Como as coisas são.

É assim, estereótipo assim,
Seguinte, inconseqüente,
Olhando essa roda girar.

Eta mundão sofrido!


(Wesley Buleriano)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Gênesis...

"E no início era o verbo..."

Há tempos trazia comigo a ideia (sem acento ok, novas regras) de publicar meus textos, em especial, minhas poesias.
Longe de ser um profissional, mas ainda assim um poeta. Jovem, com perspectivas e planos futuros, mas ainda um poeta.
O plano do blog, hipotético por muito tempo, demonstrou-se uma boa forma de mostrar meus humildes escritos, e resolvi seguir o conselho de uma amiga.

Esse blog servirá basicamente como arquivo, mas por que não, e por que não?, alcançar o máximo de leitores que puder? Seria bom, concordam?
Em próximas postagens comentarei um pouco sobre o meu estilo, minhas inspirações e também sobre os grandes mestres em quem me espelho.

Hoje, no gênesis do blog, um poema curto, mas que gosto muito, e que, com certeza, deixará a maior parte dos leitores com um nó na garganta.
Espero que gostem!

A Arte do Desejo.

O que eu mais queria
Era querer
Não querer nada.
Não querendo nada,
Não quereria eu
Não querer

Querer.

(Wesley Buleriano)