sábado, 18 de julho de 2009

Do Amor Yingyanguista Ao Não Novo Ensaio

Confabulando e Andando.


Você, morena,
E esse jeito seu meigo-durão,
Com medo de raio e trovão,
Rosa tentando ser cacto.

Flor de Lótus,
A prima vera da manhã.
Orvalho boreal,
Pecado original, a maçã.

Diante do mar,
Do alto do seu ser,
Vê as ondas e os cruzeiros
Do mar, e do céu.

De baixo do véu da verdade,
És cordeiro em pele de lobo,
Buscando lealdade,
Em um copo de tequila.

Segue tua trilha,
À esquina do sonho que não é seu.
Corroendo o desejo,
Que a distância não corroeu.


(Wesley Buleriano)

terça-feira, 14 de julho de 2009

O Vento, a Lua e Eu

Então me pus a esbravejar contra o vento:
- Por que soprou areia em meus olhos?

Sabiamente o vento soprou-me aos ouvidos:
- Tu estavas tão cego antes, que se quer deu atenção ao que via. Agora, estando tu com os olhos lacrimejando, com um ardido inconveniente, verás que sua visão já era turva, mas não o incomodara. Então quando o ultimo grão de areia sair, terás uma visão bem menos superficial de tudo.

E cessara. Assim como veio, forte e confuso. Cessara todo o vento. Vento este que, inexplicável, entrara em meu quarto fechado. Mas agiu como um furacão; destruiu todas as minhas bases, sobraram entulhos e corpos mortos.

As noites não dormidas tornaram-se somente noites. E, em meio à destruição particular, resolvi por deixar de lado o quarto só. Saí. Antes que a madrugada me engolisse, feito um leão faminto, saí. Segui pela rua principal do meu bairro, agonizante e frio, e cheguei ao bairro vizinho. Em um ensejo à ‘Forest Gump’, atravessei outro bairro, depois outro. Cruzei os limites da cidade. Segui rumo ao interior, rumo as montanhas, deixando placas e carros para trás. Deixando pessoas e lembranças pela rodovia.

Até que o dia amanhecera, e lá estava eu, sentado no topo da montanha, olhando para os mares de morros, sem qualquer pessoa por perto, e sentindo-me com a melhor companhia que poderia desejar; o vento em meu rosto.

Por breves momentos fiquei estático, apenas olhando o horizonte. Vi a neblina, que cobria os montes, se dissipar no ar. Ouvi o canto dos primeiros pássaros na alvorada, e os vi em seu primeiro vôo matinal, em busca de alimento para seus filhotes. Pensei: por que os pássaros voam, e minhas asas não me permitem o mesmo? Silêncio...

Abri as asas e me joguei do topo. Rasante, passei próximo a copa das árvores, tocando em alguns dos galhos mais altos. E segui, cruzando outras cidades, até os limites do meu estado, e, em seguida, outros estados. Até os limites do país, chegando em céus estrangeiros, planando sobre pessoas novas, vidas e culturas diferentes.

Anoiteceu, e, ao olhar para o céu, vi que a lua brilhava forte. Meu novo velho amigo, o vento, disse:
- Gostas do que vê, não é mesmo?
Respondi:
- Muito.
- E por que relutas em voar até lá?
- Mas isso é impossível.
- Voaste até aqui, haverá de voar até onde queira.

Compreendi, e bati asas rumo à lua. Voei ultrapassando as camadas da atmosfera, e percebi que o oxigênio já não me era necessário. A visão da Terra vista da lua foi sensacional. Ela e eu nos tornamos grandes amigos. Fiquei sozinho, com toda a lua por algum tempo, ouvi os seus problemas, contei os meus. E, por uma indicação da minha mais nova amiga, resolvi conhecer as luas de Jupter. E parti-me, em mais um vôo solitário.

Deixei a Terra, a lua, e tantos outros corpos para trás. Os limites são meus alvos, o universo é agora o meu jardim.


(Wesley Buleriano)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Poeta Não-Poeta

Eu não sei de onde vêm as palavras. Como surgiram, ou quando começaram a ser usadas. Ainda menos sei quando foram organizadas. Quando surgiu a primeira língua. Não sei quem inventou as representações gráficas dos sons, que chamamos ‘letras’. Nem quem criou a primeira lei escrita. Quem terá sido o primeiro escritor? Quem será o autor da primeira história escrita? E a primeira poesia, como era? Como surgiu a idéia de versejar as palavras? Rimá-las? Como? Quem? Quando?

Apenas sei que, de repente, as letras se unem na minha cabeça. E as palavras que são formadas unem-se as outras palavras, formando frases. As frases unem-se as outras frases. E assim escrevo, escrevo, escrevo...

Passo tanto tempo perdido em pensamentos, que acabo por não pensar em nada. Surpreendo-me quando dos emaranhados de pensamentos, como que com um anzol, as poesias me tornam aos dedos. Dos dedos, as teclas. E lá se está, mais uma poesia pronta. Mais uma obra prima solitária, escrita por mim, para e somente a mim. Depois as releio, e, pareço ler algo escrito por outra pessoa, que se quer conheço. É como se, ao escrever, me tornasse outra pessoa. Como se me tornasse várias pessoas, por breves momentos em que o vento me diz frases e palavras que, muitas vezes não conheço. Mas ainda assim as escrevo. E, relendo-as, e pesquisando sobre o seu significado, vejo-as encaixar como uma luva ao corpo do poema. A rima surge quase que acidentalmente.

A riqueza rima com a
Pobreza que chora com a despesa que
Que traz consigo a tristeza que
Que toma minha mente quando verseja e
Parece não tem fim por um minuto quase inteiro.


E vão-se indo assim poemas e mais poemas. Tristezas e mais tristezas. Dias após dias, sem ao menos entender como tais coisas surgem. Entendo e não entendo. Ou tento entender e finjo que sei. Não sei.

Quando paro, e deparo-me com a conseqüência, me vejo confuso. Pessoas que dizem gostar. Dizem-me que sou ótimo, e, por segundos pego-me a acreditar. Mas, no segundo seguinte, pego-me a praguejar contra mim, e esse dom de saber dizer coisas que não entendo quando digo. Como se não fosse eu quem fala, ou faz. Estou consciente quando ajo. Mas pareço ver um filme, onde miro telas brancas, e meus dedos que digitam. Como agora. Como todo esse depoimento. O depoimento de um poeta não-poeta.


(Wesley Buleriano)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Boêmio, e outras histórias.

Íamos pela noite, como a mais comum das noites vis. Então se viu as luzes de neon, cercada pela escuridão. Uma musica. Uma ideia. Uma vontade.
Paga-se. Entra-se. Olha-se. Senta-se.
- Como posso ajudar-lhes, cavalheiros?

Um Whisky, e Uma Puta.

Que seja quente. E traga gelo.
Que não entorne. Que me torne vil.
Que me aqueça. Que me faça suar.
Que me enlouqueça. Que me deixe louco.
Que tenha sabor. Não importa o preço.
18 anos. Que me embriague.
Que me faça cair. Que me deixe caído.
Que me traga a felicidade. Que me trague um cigarro.
Que me acompanhe no jogo. Que faça um jogo.
Que acabe e me esqueça. Que me faça esquecer.

(Wesley Buleriano)